Pica-pau-do-Parnaíba

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Pica-pau-do-Parnaíba

O pica-pau-do-parnaíba, é uma ave piciforme da família Picidae. Bonita ave, recentemente “redescoberta” em Tocantins após 80 anos desaparecida.

Depois de ser registrado em Uruçuí (PI), as margens do Rio Parnaíba, de onde provém seu nome popular, em 1926, passou 80 anos desaparecido e só foi reconhecido novamente em 2006 por Advaldo Prado, no município de Goiatins, no Tocantins.

E isso porque dois indivíduos, coletados em 1967 e 1988, ficaram anos repousando em coleções científicas, antes de serem identificados. Agora, pesquisadores buscam o bicho em vários pontos do cerrado. Alguma vezes, com sucesso. Outras, sem conseguir nada. Em Uruçuí, onde foi registrado a primeira vez, nunca mais foi visto.

O avanço da agricultura sobre o cerrado está deixando o pica-pau-da-taboca cada vez mais isolado e solitário. Com o cerrado preservado, ele se desloca com facilidade de um tabocal (bambuzal) a outro – onde encontra uma espécie de formiga da qual se alimenta – faz ninhos, e encontra parceiros para acasalar. As roças derrubam árvores e arbustos, aumentando a dificuldade para o bicho ir de um lugar para outro. A consequência são encontros cada vez mais raros entre machos e fêmeas.

O futuro do pica-pau-do-parnaíba e demais espécies que habitam o cerrado brasileiro é “incerto”. Até o momento não há registros para a espécie em unidades de conservação de proteção integral. A rápida transformação da cobertura e uso do solo ao longo de sua área de ocorrência ocasionará ainda mais a fragmentação das populações, isolando indivíduos e podendo em curto prazo provocar extinções locais.

Para conservação no cerrado brasileiro é imprescindível que o desmatamento seja zero. Além disso, deve-se estudar locais para criação de unidades de conservação de proteção integral visando a preservação de uma grande população desta magnífica ave do cerrado brasileiro.

Características

Possui cabeça ferrugínea (marrom-avermelhada), bico claro, sendo que o macho apresenta faixa malar e topete vermelhos; pescoço dorsal amarelo, garganta, peito e cauda negros; rêmiges ferrugíneas; dorso superior, parte superior das asas e a cauda amarelo escamado de preto, dorso inferior, flancos e ventre amarelados.

O pica-pau-do-parnaíba é uma ave que atinge aproximadamente entre 25 e 27 centímetros de comprimento (machos chegam a 25 centímetros) e pode pesar pouco mais de 100 gramas (machos chegam a 96 gramas).

Alimentação

Forrageia em áreas florestadas com taboca (Guadua sp) e embaubais, alimentando-se principalmente de formigas presentes nestes vegetais, principalmente dos Gêneros Camponotus e Azteca. Nas tabocas vivem 30 espécies diferentes de formigas, mas eles só se alimentam de 5 delas.

Reprodução

Foram encontrados casais com apenas um filhote no Tocantins, apresentavam penas escuras na cabeça e o topete castanho-avermelhado. O período reprodutivo na região é entre julho e outubro.

Hábitos

Sua ocorrência no cerrado está quase sempre associada a formações florestais (cerradão, matas de galeria/ciliar, veredas, matas úmidas e floresta estacional) com grande presença da Taboca (Guadua paniculata), no qual alimenta-se das formigas, furando a taboca com o bico ou aproveitando-se das brocas.

É territorialista, e pode responder ao playback rapidamente se estiver na área. Na época da reprodução, o casal torna-se agressivo, defendendo seu território e irritando-se com o playback. Muitas vezes, podem tamborilar nos colmos ocos de bambu para aumentar o som do tamborilado, que serve como uma forma de comunicação.

É raro e ameaçado, vivendo nos locais mais preservados onde ainda consegue encontrar seu alimento. Vive no extrato médio e alto das matas (Observações pessoais - Estevão F. Santos, 2017 e 2018). Estudos demonstraram que eles voam no máximo 20 ou 30 metros sobre as roças, antes de desistir e retornar para a mata, o que faz com que com a destruição de seu habitat, ficando somente pequenos fragmentos de mata entre áreas de plantio, indivíduos fiquem isolados, dificultando o pareamento e reprodução.

A razão pode ser a dependência do pica-pau em encontrar árvores pelo caminho para descansar, pois ele pousa na vertical. Outro dado importante é que a ave precisa de uma grande área para sobreviver, em média de 250 hectares.

Depende da hábitats muito específicos, mata ciliares que possuem os tabocais. Esses tabocais não se distribuem uniformemente, estão dispersos nos ambientes florestais. Então, ele precisa de uma área considerável para se alimentar e fazer suas necessidades, como o ninho, por exemplo.

Distribuição Geográfica

É endêmico do Brasil. Descrito de um espécime encontrado no Piauí (Uruçuí, rio Parnaíba), foi recentemente encontrado no Maranhão, (próximo ao Piauí), Tocantins, Goiás, Mato Grosso e sudeste do Pará. Mas não é muito fácil de ser encontrado.

De todos os Estados com registros para a espécie, o Goiás é o que apresenta os habitats com pior qualidade ambiental. Neste Estado o desmatamento suprimiu muitos habitats do pica-pau-do-parnaíba, isolando populações. Estas tendem a serem extintas localmente, visto que os poucos remanescentes de cerrado florestal continuam sendo suprimidos. No Maranhão a demanda por madeira para produção de carvão tem levado a ocorrência de desmatamento de grandes áreas com registro para a espécie, agravando ainda mais o status de conservação do pica-pau-da-taboca.

Os melhores habitats para a espécie estão no Tocantins, pois o Estado é o que apresenta os maiores índices de vegetação remanescente. Entretanto, o Tocantins é um dos três Estados que mais receberam alertas de desmatamento entre 2002 a 2009, paralelo ao aumento da área plantada para produção de grãos e criação de gado.

Atualmente o Tocantins está totalmente inserido no MATOPIBA, um mega projeto que prevê a transformação de 72 milhões de hectares de cerrado em áreas para produção de grãos e pecuária. O resultado da implantação do MATOPIBA se resumirá em mais degradação ambiental e destruição de habitats de inúmeras espécies de animais de cerrado.

 

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